Eu queria. Uma palavra, um texto. Um soneto de amor, uma alegoria. Mas não sou poeta. Não sei de rimas, nem de métricas. Eu só escrevo pelo amor ou pelo arrebatamento da dor.
Eu só sei que essas palavras que me surgem eu não sei bem de onde vem. Talvez do coração. Só sei que elas me atravessam como enxurrada, incrustadas num violento fluxo sanguíneo. Como se todo meu corpo passasse a ser possuído e a pele fosse cortada pela força da letra que vem à superfície. Porque escrevendo eu me confesso abertamente incompatível a eles. A verdade é que não sei o que escrevo. Não é crônica, nem poema. Acho que nada mais é do que um grito.