É que esses sentimentos ainda me doem tanto. E nesse turbilhão eu só queria entender como as angústias do coração ainda me importam e causam incômodo físico.
Vou ao médico e me queixo. Faço exames que me reviram. De frente, de costas, de lado. Por dentro.
Sofro uma fratura óssea e passo dois meses imobilizada e ainda assim não incomoda tanto quanto as dores internas.
E eles acham que estou bem. Me chamam de corajosa, otimista. É que nada disso faz ver-me de verdade.
É ultrassom, ressonância, endoscopia, remédio direto na veia. Mas a medicina ainda não aprendeu a lidar com dores de amor barato. Amor de qualquer mulher. De mulher qualquer.
Meu esôfago apenas me diz o que eu quero evitar. Empurra pra fora sentimentos indigestos enquanto o estômago queima e lateja aquilo que ainda quero esconder dessas dores da alma. Meu corpo me exige em cada milímetro essa ânsia de sentir tanto.
Fecho os olhos, mordo os lábios. Aperto as mãos e estalo os dedos como se tudo isso pudesse evitar algo. Algo que nem sei e que só as palavras conseguem expressar. Palavras que chegam perto mas que só dizem algo perto do indizível.
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