Refém. Presa em um labirinto tortuoso e minha última chance de escape é escrever sobre nós. Mas essa intensidade de sentimentos ainda é tão maior do que minha capacidade de traduzir em palavras. Talvez porque sentimentos assim não possam ser transpostos para a linguagem dos humanos comuns.
Porque escrever o que se sente é doloroso e contar essa história é sentir de novo. Sentir tudo aquilo que eu tenho evitado na última semana. É rasgar-me inteira sem anestesias.
Porque suas palavras entraram em mim como punhal abrindo a pele em carne viva. Como seringa contaminada não descartada. Dor lancinante.
Doença sem remédio para uma mulher que não foi talhada para amores possíveis.
Porque mesmo depois daquele nosso adeus eu acreditei que ainda poderíamos ser.
Mas se nessa noite eu ainda estou aqui, sozinha, rabiscando essas linhas tortas é porque algo ainda não está em seu lugar. Porque se não é você que pode acalmar esses desejos inquietos eu ainda estou em cárcere. Cárcere privado. Liberdade provisória. Desejo que continua sem resposta.