Noite de domingo. Em uma última tentativa ela liga. O telefone chama, mas ninguém atende. Ela envia uma mensagem com um poema sobre São Paulo – escrito há mais de 2 anos – e um trecho de livro como numa última tentativa: “porque teriam encoberto suas idiossincrasias”. Mas todas as idiossincrasias dela eram praticamente escancaradas. Ainda que ele a considerasse uma casa fechada com tetra chave e trinco na porta. É que é assim que a avó dela sempre fez. Desde a tenra infância, na casa da praia, quando a avó disse que o canteiro de jasmim era dela, até 2013, quando a menina ganhou o escapulário numa madrugada de novembro e entendeu que, a partir daquele momento, teria que se virar sozinha.
E ela se acostumou com isso e trancou a si quando pensou que tinha chegado ao final da história. Para tentar se sentir segura. Sem saber que tudo era só o começo. Mas ele sabe. Sabe que ela gasta tanto combustível brigando consigo que não aguenta; que uma hora ela desaba. Em algum ponto dessa história ela se torna doce e quer ser cuidada. Quer ser a menina dele. Mas é exatamente nesse ponto que ele vai embora.