Noz-moscada

Desde que você se foi;
virou as costas e me deixou;
tudo é tão diferente.
Me distancio até de mim para não encarar essa saudade,
tento anestesiar esse meu sentir em demasia, mas:
agora eu sempre cozinho com noz-moscada;
não durmo mais nas tardes dos finais de semana;
ainda saio para longas caminhadas às manhãs;
os carros que eu vejo naquela avenida só me levam de volta para você;
e na sexta-feira a lua me chamou.

Você assistiu àquele filme;
que tem muito do que eu tentei te dizer;
o amor ainda me assusta, e;
sinto tanto a sua falta.
Cada coisa que me acontece
ainda tenho vontade de te contar;
“You set my world on fire”;
mas me lembro que não te tenho ao meu lado mais.

Tempero

Domingo
Entardecer
Sozinha neste apartamento
Acordo de um sono agitado
O tempo é cruel
Da janela do 601
A cada segundo as cores se modificam no horizonte
A vida não dá trégua
O céu fica mais escuro
E meu peito sufoca de não saber
Respiração curta. Acelerada
Você ainda não sabe desse meu sentir em demasia
De calcinha de renda e camiseta de algodão
Me viro de lado – e não tenho mais seus braços
Me encolho como quem se esconde
Tento me proteger
Esquecer
Desse dia
Sem tempero
Sem desejo

A última noite

Aquele adeus da última noite;
a casa bagunçada;
fios de cabelo soltos pelo chão;
A última noite de amor;
os últimos beijos;
quando você puxava meus cabelos com certa violência e eu ainda me desmanchava em seus braços.

A cama desarrumada
o lençol amassado;
confesso que me falta coragem para trocar as fronhas;
no meu quarto tudo ainda tem o cheiro do nosso suor;
o gosto e o ardor desse amor.

O gosto que era doce e ficou amargo;
a presença que virou falta;
a saudade que ficou maior que o desejo;
o amor que não aguentou.