“Só sou louca por uma coisa, você.”, é o que leio nas páginas de Henry Miller, enquanto insiste em manter essa distância entre nós. Mas, nesses tempos, ninguém se entrega mesmo de verdade. As desvairadas como eu não podem amar. De repente o amor não passa de mais uma insensatez, uma tolice qualquer. Nada mais do que um jogo para dois no qual eu sempre perco enquanto todos eles teimam em se defender mesmo quando não há ataque. Mas não, a culpa não é deles. A culpa é minha. Só minha. Eu que carrego o fardo de sentir e querer demais ao invés de me conformar com esses tempos de fast food, amores instantâneos e desejos corriqueiros pautados em egos.
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Work me, lord
Daqueles dias nos quais a vida mais parece uma travessia por labirintos de arame farpado do qual é impossível sair ilesa.
O mundo parece sarcástico. Esmaga sem piedade a alma de quem nasceu com a sensibilidade exacerbada e nos perfura o coração a cada instante. Como hemorragia interna que só se descobre quando a morte já é mais viva.
Por aqui um eterno vazio. Um abismo obscuro que até eu mesma tenho medo de adentrar demais porque sei que nunca será preenchido. Uma dor sem remédio, uma ferida que só faz aprofundar e jamais cicatrizará. Uma fome que não cessa, um corpo que parece constantemente ardendo em febre. Um ciclo sem fim.
“Work me, lord“, canta Janis em tom rasgado enquanto todos os dias eu ainda insisto : “Oh, Deus, me faça olhar para mim com os mesmos olhos que você me vê”.