Mais uma noite. Ainda teimo em arrancar peles dos lábios e cascas de machucados. Tento evitar, mas uma única lágrima insiste em escorrer quando o telefone dá sinal. Sabia que era você. Solto os cabelos pra não sufocar. Deito no chão frio enquanto ainda vejo tua imagem e, pouco tempo depois, ouço tua voz. Pareces tão seguro. Será que ainda pensas que não sei das tuas inquietações; das tuas noites de insônia a rolar na cama? Pensas que não sei do teu orgulho, da tua teimosia? Da tua dificuldade em te mostrar? Inteiro, vulnerável. Pensas que não sei do teu medo de parecer frágil e dar errado mais uma vez? Pensas que não sei do teu receio de chegar perto demais e não ser mais capaz de te soltar? Pensas que não consigo ver muito além dessa armadura que ainda teimas em trajar? Pensas que não sei que só te afastas de mim por medo de ti mesmo?
Tag: noites de insônia
Na madrugada…
Já é domingo. O único dia da semana no qual se torna impossível fugir do amor. Talvez por isso meu inconsciente ainda teime em passar as madrugadas em claro. Pro dia começar mais tarde e durar menos. Penso em alugar um carro ou ir direto comprar uma passagem de ida no primeiro guichê da rodoviária pra forjar uma partida assim que o sol nascer. Uma cena qualquer pra chamar tua atenção. Qualquer outro tentaria me impedir de ir embora e me imploraria pra ficar. Desisto da ideia porque pela primeira vez não quero ir embora se não puder ir contigo. Ainda que aqui nada me segure talvez lá seja pior. Abro outra garrafa de vinho. Tento recorrer ao antigo clichê dos boêmios e românticos: “love is a dog from hell”, já dizia aquele velho safado. Como se eu pudesse ser tão óbvia e previsível. Tua falta só fica mais evidente ainda que eu esteja decidida a não tentar mais.
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04:19
Outra madrugada. Deitada em posição fetal. Fecho os olhos mas o sono não vem. Meu único sonho é retornar ao útero. A saudade corrói como úlcera hemorrágica. Como um eterno regurgitar de sentimentos. Sinto tua falta como se tivesse me arrancado um órgão vital. Pareço bem, mas há falta em tudo que eu vivo. Todo ar não é o bastante para me fazer respirar. Toda multidão é solidão. Todos os homens do mundo ainda seriam insuficientes. Viver parece um pesadelo, como se todos os dias fossem 04:19 daquela quarta-feira, quando você me mandou embora, “me disse pra ser feliz e passar bem” como na canção do Chico.