Ainda me recordo daquelas noites nas quais eu costumava me jogar no chão do quarto ouvindo “Atrás da porta” na versão de Elis: “até provar quinda sou tua”. Dizer que era dele era mais fácil do que assumir que nunca fui mais do que o vira-lata sem dono e tinha que dar conta sozinha. Como na história da “Dama e o Vagabundo”, só que nunca fui a dama. Quiçá apenas uma forma de me iludir, achando que eu tinha lugar no mundo só pra me afastar de mim e escapar dos becos sem saída da minha vida emocional e aceitar que talvez eu realmente prefira a crueza da solidão sem disfarces do que o vazio das relações em tempos líquidos. Porque a verdade é que busco esses pseudo romances pra me livrar do excesso de sentir e depois vejo que aquilo que eu tento chamar de amor é só um capricho, uma teimosia em tentar amar sem máscaras.
Tag: Verso livre
Em carne viva
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Fazer amor…
Anais Nin. Mais uma noite: “E eu sempre venho em busca de forças e encontro fraqueza”. Anestesio até a mente por alguns segundos após ler estas palavras. Deslizo as mãos sobre os cabelos e puxo os fios com força. Como quem arranca até a raiz dos sentimentos . Me custa a entender que tanto potencial pra amar só resulte em solidão. Porque toda vez que arrisco a me entregar demais e acreditar só o que me sobra são restos. É que, justo eu, que teimo em respirar amor, ainda tenho receio de amar. Amar demais. Entregar demais. É que insisto em buscar o que é por demais profundo. Meu corpo necessita muito mais do que uma noite de sexo gostoso. Falo de sexo fácil, mas ir pra cama sem cumplicidade é como jogar meu corpo no lixo. Como queimar lentamente a cada milímetro. Como mergulhar fundo buscando o paraíso, mas sofrer hemorragia por arrebentar a cabeça nas pedras. Meu “fazer amor” ainda é intenso demais para tanta superfície.